top of page
web2.jpg

CULTURA EM PAUTA

Atualidade, Entretenimento e Informação

Site produzido pelas Júlias da turma 52 do Jornalismo da UFG com fins de abranger pautas sobre cultura e aprender cada vez mais sobre Webjornalismo.

Esperamos contribuir para o acesso a informação,

Júlia Alves e Júlia Fontes

Início: Bem-vindo
Início: Blog2
Buscar
  • Júlia Fontes

Os impactos das feiras na vida do goianiense

Atualizado: 4 de ago. de 2020


“Assim que cheguei em Goiânia, a primeira coisa que percebi foi o a quantidade de feiras de rua que ocorrem e a aderência pela população. É feira hippie, do sol, da lua, as feiras dos bairros” é o que aponta Caio Bianchi que até 2018 morava em Patos de Minas, município mineiro a 506km de Goiânia. De acordo com pesquisa realizada no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as feiras que ocorrem na cidade realmente fazem parte da construção cultural de Goiânia, mas não apenas isso, no decorrer da história da cidade, as feiras também foram estabelecendo relações econômicas e sociais com a capital.


Feira da Vila União que ocorre semanalmente todas as quintas na Av dos Alpes. Foto: Júlia Fontes

Inicialmente, surgiram através da iniciativa do poder público em 1946. Na época, com a cidade recém-inaugurada, a quantidade de estabelecimentos comerciais, principalmente de gêneros alimentícios, era pequena para atender a população. Então, o governo auxiliou na criação das feiras desde o planejamento, passando pela confecção de barracas, até a convocação de pessoas para trabalhar. Maria de Lurdes, 71, lembra de frequentar a primeira feira na cidade.

“Eu era menina, meu pai saia da roça cedo e me trazia aqui pra Goiânia pra ajudar ele a vender arroz e café. Na época, só tinha uma feira assim aqui na cidade, era ali onde hoje tem o terminal” levantou Lurdes.

De um projeto político e econômico, as feiras se tornam um local habitual para os goianienses trabalharem, passearem e comprarem. Os aspectos tradicionais foram se misturando aos modernos e configurando as feiras da maneira que atualmente elas são.

"As feiras são muito boas pra gente comprar com preços acessíveis, comer, fazer amizades, se divertir e também é fácil abrir uma barraquinha e começar a vender", pontuou Fernanda Toyama que costuma frequentar as feiras da cidade semanalmente.

De acordo com Mirelle Fernandes que frequenta a feira da Vila União há mais de 20 anos, as feiras fazem parte de uma construção da identidade cultural da cidade. "Ir às feiras é um dos costumes das famílias dos goianenses, então, vai passando entre gerações. É uma coisa de cultura de Goiânia". Fernandes também conta que desde pequena sua mãe a levava para as feiras e que pretende levar esse hábito para seus filhos e sobrinhos. "Aqui é um lugar que me sinto feliz, quero que meus filhos e meus sobrinhos também se sintam felizes como eu", ponderou Fernandes.


Os comerciantes que trabalham há mais tempo no ramo sentem o carinho e o gosto dos clientes pelas feiras. Além disso, é um sentimento recíproco.

"Tudo aquilo que fiz e faço foi por amor. Eu preciso do dinheiro e dependo do dinheiro, mas minha felicidade é melhor. Imagina se eu fosse trabalhar em um lugar que eu não gostasse, meu serviço não ia render. Então, na realidade, o que vale é a amizade, o amor das pessoas. Quando você não vem as pessoas sentem a sua falta. O dinheiro é só uma complementação", pontuou Maria de Fátima de Souza que realiza feiras há 29 anos.

Sorriso no rosto e simpatia que acolhe a clientela de Souza na feira da Vila União. Foto: Júlia Barbosa

Apesar de todo envolvimento com as feiras e o que elas proporcionam, há muito para melhorar. Dentre esses aspectos, está a segurança. Eudirene Nogueira, que realiza feiras há 7 anos, vivenciou uma situação apavorante quando ainda realizava feiras na Cidade Jardim. " Em 2016, fui roubada, tem muitos feirantes que já passaram por isso. Na saída da feira, me pegaram, me amarraram, levaram meu carro, minha mercadoria, me sequestraram. Eu consegui tirar a mordaça, gritei socorro e o pessoal veio me ajudar. Agora que estou me recuperando do prejuízo". Após isso, Nogueira não voltou mais ao local do ocorrido.


A falta de segurança nesses espaços também é sentida pelos frequentadores. Toyama também passou por uma situação de violência, "Já teve tiroteio aqui na feira da Vila União, a gente teve que abaixar pra não acontecer nada com a gente. Umas oito horas da noite eu já acho muito perigoso vir". Apesar da Polícia Militar ter aumentada a frota de policiais nas feiras, através da Operação Tolerância Zero, os consumidores ainda acreditam que a segurança é ineficaz. "A prefeitura poderia botar mais carro de polícia. Aqui só tem um guardinha e ele é amigo de todo mundo. Então, acredito que não é muito propício pra ser segurança", ponderou Fernandes.


Outra reclamação de alguns feirantes é a desvalorização do trabalho. " Meu trabalho como feirante geralmente não é valorizado. As pessoas pensam que mercadoria de feira é inferior a mercadoria de loja. Na verdade, não é. Teve uma época que minha costureira costurava pra mim e para a loja De Paula. Então, a qualidade é a mesma, o que mudava era só a etiqueta" levantou Nogueira que, atualmente, vende roupas nas feiras da Vila União, do Novo Horizonte, do Campo dos Afonsos e na Feira da Lua.


Entretanto, enquanto alguns comerciantes acreditam que seus trabalhos são desvalorizados, outros sentem a importância de seus trabalhos e produtos para os consumidores.

"Eu tenho cliente aqui de 6 anos, 8 anos. Meus clientes são todos amorosos. Eles brincam comigo, compram coisa e vão embora, mas sempre voltam. Eu acho bom demais, é a melhor coisa que tem", disse Souza.

A cultura goianiense de feiras tem notoriedade ao redor do mundo. A feira Hippie, por exemplo, é a maior feira ao ar livre da América do Latina. Fundada há mais de 40 anos, a feira que ocorre na Praça do Trabalhador aos fins de semana, conta com uma ampla variedade de artesanatos e porcelanatos, além de áreas já consolidadas como a da alimentação e do vestuário. Todavia, inicialmente, o fim da feira era de expressionismo cultural, o que até hoje ocorre, apesar de dividir espaço com outras coisas.


Feira Hippie possui, aproximadamente, 6 mil barraquinhas. Foto:Diário de Goiás

Oneides Quirina que trabalha na Feira Hippie há mais de 30 anos, brinca que por atender muitos turistas seu valor é internacional. "Muita gente de fora vem comprar comigo, não só de outros estados, mas de outros países também. Já conheci muita gente, normalmente, eles vêm mais na minha banquinha comprar presente. Vendi coisa até por dólar", disse Quirina.

Segundo o secretário municipal de Planejamento Urbano e Habitação, Henrique Alves, as feiras livres e as feiras especiais empregam e geram renda para mais de 40 mil pessoas em Goiânia.

A renda citada pelo secretário, é o principal fator para as pessoas começarem a trabalhar em feiras em Goiânia. Em pesquisa exclusiva para a reportagem com 40 feirantes, 33 entrevistados começaram a trabalhar no ramo para aumentar a renda mensal, os outros citaram manter um comércio de família, oportunidade e gostar do local.

Fonte: Pesquisa própria.

Existem 142 feiras goianienses, sendo 116 feiras livres e 26 especiais, ocupando todos os setores da cidade e ocorrendo em todos os horários. Estando, hoje, como uma das principais características da cidade e oferendo cultura, lazer, compras e variedade em um mesmo espaço. Conheça as principais feiras da cidade.


Júlia Fontes para produção de Webjornalismo.

Atualizada em 14/07/2019 às 04h30.





24 visualizações0 comentário

QUEM SOMOS NÓS

Início: Membros da Equipe
Júlia.png

JÚLIA ALVES

19 anos, estudante de Jonalismo na UFG.
Sonhadora, determinada, extrovertida e apaixonada pelos animais. Buscando melhorar a cada dia, a evolução é constante.

ENTRE EM CONTATO

Obrigada por escolher o Cultura em Pauta. Para mais informações, entre em contato e retornaremos em breve!

Início: Entre em contato
bottom of page